A Marcha das Vadias do
Rio de Janeiro, em seu terceiro ano consecutivo, reuniu mais de mil
manifestantes na orla carioca, e causou alvoroço nas redes sociais,
assumindo a liderança dos trending topics do Twitter no Brasil no início
da noite. O grupo saiu às 15h20 de Copacabana pela Avenida Atlântica e
foi até Ipanema, pela Avenida Vieira Souto, pedindo a legalização do
aborto e o fim da violência sexual. Por volta das 19h, diminuto, o grupo
voltou à Copacabana. Duas horas depois, pelo segundo dia seguido, uma
manifestação entrou em espaço reservado para a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ).
O nome irônico do
protesto, segundo os organizadores, teve origem no Canadá, quando um
policial justificou um estupro por conta das roupas utilizadas pela
mulher violentada. No Rio, o grupo reforçou a autodeterminação sobre o
corpo feminino caminhando pela praia com gritos e cartazes. Num deles, a
manifestante provocava: "Será preciso eu usar burca para você me
respeitar?".
O tema, naturalmente,
esbarrou em dogmas da Igreja Católica e em fiéis da JMJ que seguiam para
o evento religioso, instalado em palco na Praia de Copacabana, na
altura da Avenida Princesa Isabel. Com manifestantes usando pouca roupa e
algumas delas de seios de fora, as discussões foram acaloradas. "Vou
rezar por eles", chegou a dizer uma peregrina.
Integrante do grupo
Católicas pelo Direito de Decidir, Valéria Marques foi chamada de
assassina por outra fiel. "Sinto pena de uma mulher que oprime o próprio
gênero. A organização é apenas a favor das mulheres poderem decidir o
que fazer com o próprio corpo, incluindo a legalização do aborto", disse
Valéria.
Radicais do movimento,
no entanto, chegaram a quebrar imagens santas por volta das 16h30. Em
outros momentos tensos, agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
foram insultados por manifestantes que perguntavam "Cadê Amarildo?", em
alusão ao pedreiro que sumiu há duas semanas depois de prestar
depoimento a policiais da UPP da Rocinha. Várias vezes, foram ouvidos
gritos de "Fora Cabral".
A Polícia Militar
acompanhou a caminhada com cerca de 50 PMs. Após a chegada em Ipanema, o
grupo decidiu voltar para Copacabana e questionar fiéis sobre alguns
tabus. Ao se aproximar do palco da Jornada Mundial da Juventude, uma
barreira humana da Força Nacional foi armada em frente ao Hotel Rio
Othon Palace.
O grupo fardado se
estendia da calçada à areia e impedia que manifestantes se aproximassem
do evento católico. Algumas manifestantes, com os seios à mostra,
subiram nos ombros de companheiros e provocaram fiéis. Às 21h, o
bloqueio foi furado e parte do grupo ocupou as areias nas proximidades
do palco principal da JMJ.
Em nota, os
organizadores do ato lamentaram a quebra de imagens. "A performance que
envolveu quebra de imagens de santas na Marcha das Vadias hoje não foi
programada pela organização deste evento".
Além da quebra das
imagens, diversas encenações ilustraram os apelos feitos pelas
feministas. Uma delas chamou a atenção por seu teor altamente polêmico,
pois os envolvidos utilizaram a imagem da Nossa Senhora como objeto
sexual. A cabeça da Santa virou uma espécie de consolo. Em seguida, os
manifestantes quebraram as imagens e as cruzes. Por fim, uma
manifestante pegou o que sobrava de uma cruz, colocou camisinha em sua
base e a enfiou no ânus de seu parceiro de encenação. Tal ato assustou
até mesmo outros manifestantes que não esperavam tanta ousadia. Uma
delas disse que colocaria uma máscara para não ser reconhecida, já que
receava represálias no trabalho.
Acompanhe as imagens e tire suas conclusões:
Manifestante colocou camisinha na base de uma cruz e introduziu no ânus de seu parceiro em público
O que você achou desse protesto?
Fotografias por Lia Ferreira/Vero
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